França vence a Copa da Rússia e conquista segundo título
Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters
Publicado originalmente no site Agência Brasil, em 15/07/2018
Copa do Mundo da Rússia deixa como legado o árbitro de vídeo
Por Marcelo Brandão -
Repórter da Agência Brasil Brasília
A Copa da Rússia foi a Copa do VAR. O segundo dos quatro
gols da França no jogo final da competição, por exemplo, só foi possível pela
interferência do árbitro de vídeo. E pelas declarações do presidente da
Federação Internacional de Futebol (Fifa), Gianni Infantino, a tecnologia de
auxílio ao árbitro de campo veio para ficar. “Estamos muito felizes de termos
introduzido o VAR. Hoje é difícil pensar em Copa do Mundo sem VAR”, disse
Infantino em entrevista à de imprensa na última sexta-feira (13).
Mas a Copa não será só lembrada pela presença da arbitragem
de vídeo pela primeira vez na principal competição do futebol mundial. A
eliminação de seleções tradicionais como a da Alemanha, Argentina, Espanha, do
Uruguai e Brasil, que não conseguiram chegar sequer a semifinais, também ficará
na memória do torcedor como a Copa em que as grandes equipes voltaram para casa
mais cedo.
Queda dos gigantes
A Rússia foi território indigesto para os principais
favoritos ao título. Os alemães não mostraram nada do futebol exuberante que
desfilaram pelos gramados brasileiros em 2014. Não houve criatividade,
inspiração e o sangue frio que fizeram o futebol alemão tão respeitado nos
últimos anos. Foram eliminados na primeira fase.
A Espanha ficou também pelo caminho. Caiu nas oitavas de
final após perder nos pênaltis para a Rússia, muito inferior tecnicamente.
Mostrou dificuldades em furar as defesas e o toque de bola, envolvente e ofensivo
no passado, se tornou cansativo e sem objetividade. O Uruguai, outra seleção da
qual se esperava uma caminhada mais longa, ficou nas oitavas de final.
A Seleção Brasileira era cotada para chegar à final e
aumentou seu favoritismo após a queda de espanhóis e alemães. Mas o time
comandado por Tite não demonstrou poder de recuperação quando saiu atrás do
placar na partida contra a equipe belga e terminou sendo derrotada por 2 a 1.
Caiu nas quartas de final.
Os três maiores craques do futebol mundial, Cristiano
Ronaldo, Messi e Neymar, foram discretos nesta Copa. Na primeira rodada, o
português marcou três gols contra a Espanha e deu esperanças de que se
destacaria, mas suas atuações esfriaram junto com a sua seleção. Messi era
parte de um aglomerado de jogadores. Eles, mesmo com a tradicional garra em
campo, não conseguiam ter um esquema tático que enfrentasse as demais equipes
em condições de igualdade. A seleção argentina sucumbiu diante do jovem time da
França.
Coletividade é o caminho
Pelé, Beckenbauer, Romário, Zidane e Ronaldo foram alguns
dos nomes-símbolo de títulos mundiais nas Copas que disputaram. Mas a França de
2018 não teve um único jogador que comandou a equipe. O coletivo foi o forte
das seleções que foram longe neste mundial. Mesmo com jogadores de destaque no
cenário do futebol, como Mbappé, Pogba, Griezmann e o goleiro Lloris, o time
prezou pela eficiência coletiva. E foi assim que passou por Argentina, Uruguai,
Bélgica e Croácia para colocar a segunda estrela de campeã mundial em sua
camisa.
Os belgas foram outro bom exemplo do futebol que predominou
nesta Copa. Em verdadeiros contra-ataques dignos de manual, os Diabos Vermelhos
venceram o Japão, Brasil e a Inglaterra e saem da Rússia com um honroso
terceiro lugar.
A Croácia, por sua vez, teve o melhor jogador do campeonato,
Modric. Mas ele não foi o único responsável por levar o time à final inédita. A
Croácia talvez tenham sido a seleção cujos jogadores que mais se entregaram em
todos os jogos. Foi um time de operários, onde todos marcavam e todos atacavam.
Croácia no mapa do futebol
O pequeno país de pouco mais de 4 milhões de habitantes
entra no rol das seleções de respeito do futebol mundial. E não é por acaso.
Vários jogadores atuam em clubes de ponta. O meio-campo croata não é celebrado
à toa. Os meias Modric e Rakitic são titulares no Real Madrid e no Barcelona,
respectivamente.
O centroavante Mandzukic joga na Juventus, da Itália.
Perisic, autor do primeiro gol do time na semifinal, joga na Internazionale de
Milão. Já os defensores Lovren e Vrsaljko jogam no Liverpool e Atlético de
Madrid, respectivamente. O técnico Zlatko Dalic fez da reunião de grandes jogadores
um time talentoso e comprometido. O vice-campeão mundial é digno do mesmo
respeito ostentado por seleções como a Holanda, Inglaterra e Bélgica.
Violência ou simulação?
Se Neymar queria deixar sua marca nesta Copa, deu certo, mas
não da maneira que esperava. Suas reações exageradas às faltas recebidas
viraram memes na internet. Nos dois primeiros jogos, suas constantes caretas de
dor, como se a cada falta tivesse sofrido uma lesão séria, incomodaram muita
gente. Neymar ficou com reputação de jogador que tenta enganar a arbitragem.
E seu futebol não foi o suficiente para calar os críticos.
Jogou bem contra Sérvia e México, mas não teve a atuação que dele se esperava.
A partir do jogo contra os sérvios, mudou claramente de postura, reclamando
menos e jogando mais. Mas a derrota do Brasil para a Bélgica, nas quartas de
final, interrompeu a trajetória de uma possível redenção do craque brasileiro.
Coadjuvantes simpáticos
Algumas seleções tiveram vida curta na Copa, mas
conquistaram a simpatia do mundo. E nesse quesito, os panamenhos foram
campeões. Disputaram uma Copa pela primeira vez na vida e, logo no primeiro
jogo, entraram para a história. E não pelo que fizeram em campo – perderam para
a Bélgica por 3 x 0 – mas pelo que aconteceu antes. Jogadores e torcedores
panamenhos no estádio não seguraram as lágrimas ao ouvirem o hino do país pela
primeira vez e se tornaram uma das grandes imagens deste mundial.
Outras seleções voltaram para casa cedo, mas deram orgulho à
sua torcida. O Marrocos saiu na primeira fase, mas fez duas boas partidas
contra Portugal e a Espanha. Os africanos viram a vitória contra a esquadra
espanhola escapar nos minutos finais do jogo. Saíram na primeira fase, mas com
moral.
A Coreia do Sul não mostrou futebol para ir longe, mas a
vitória por 2 x 0 que eliminou a Alemanha chamou muita a atenção do mundo do
futebol. Após o apito final, os sul-coreanos comemoraram a vitória como se
tivessem vencido a Copa; não parecia que estavam eliminados.
Catar 2022
Agora, é pensar na Copa do Mundo no Catar, em
2022. Contabilizar o que deu certo e analisar o que deu errado, a fim de
iniciar mais um ciclo de preparação para o próximo mundial. Da Copa na Rússia,
ficarão as belas imagens das torcidas se confraternizando nas ruas, avenidas e
praças das cidades russas e nas arquibancadas dos belos estádios. Nos gramados,
as belas jogadas de Mbappé, as defesas de Curtois, a entrega dos jogadores
russos e croatas, a emoção da torcida panamenha e a calorosa recepção da população russa.
Texto e imagem reproduzidos do site: agenciabrasil.ebc.com.br
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