Advogado de motorista do carro onde designer de interiores foi baleado falou pelo cliente
Publicado originalmente no site G1 SE., em 15/04/2019
Advogado de motorista baleado em abordagem policial diz que
ele não sabe porque veículo foi parado
Abordagem terminou com a morte do designer de interiores,
Clautênis José dos Santos, na última segunda-feira (8).
Por G1 SE
O advogado do motorista de aplicativo baleado durante ação
policial que resultou na morte do designer de interiores, Clautênis José dos
Santos, 37 anos, na noite da segunda-feira (8) no Bairro Santos Dumont, na Zona
Norte de Aracaju (SE), falou sobre a versão de seu cliente a respeito da
ocorrência.
Segundo o advogado, José Macial Santos, seu cliente, disse
que foi acionado para buscar os passageiros no Conjunto Bugio e durante o tempo
em que esteve com eles não notou nenhuma atitude suspeita.
Ainda de acordo com o advogado, o motorista notou que um
carro estava seguindo o veículo em que eles estavam e em seguida os policiais
deram ordem de parada. “Ele desceu do carro, se identificou como motorista de
aplicativo e ficou em posição de revista, de costas para o veículo. Foi quando
ele ouviu os disparos e por medo correu e também foi baleado. Ele retornou, se
identificou novamente e foi socorrido pelos policiais juntamente com o
Clautênis”, contou.
O advogado disse também que o motorista, que não tem
passagem pela polícia, ainda não sabe o motivo pelo qual foi abordado naquela
noite.
O que diz uma testemunha
O amigo e testemunha da morte de Clautênis, contou detalhes
do que aconteceu antes e depois dos disparos que foram realizados contra um
veículo de aplicativo em que eles estavam durante a abordagem policial.
Em conversa com o G1, Leandro Santos, disse que horas antes
da ocorrência ele e Clautênis estavam em uma pescaria com amigos, e de lá
seguiram para o Santuário Nossa Senhora Aparecida no Conjunto Bugio para
visitar o padre da paróquia.
“Por volta das 21h30 chamamos um veículo de aplicativo para
deixar o local com destino ao município da Barra dos Coqueiros, onde moramos.
Mas minutos depois de cruzar a ponte entre o Conjunto Bugio e Bairro Santos
Dumont uma caminhonete encostou a esquerda do nosso carro e gritaram: ‘para,
para, para’. Nós estávamos no banco de trás e pensamos que era um assalto. Nos
agachamos, o motorista baixou o vidro e eles começaram a atirar. Foi muito
tiro, muito tiro”, contou.
Ainda de acordo com a testemunha, ele abriu a porta do carro
e tentou puxar o amigo que já estava baleado. “Estava todo ensanguentado,
porque o tiro pegou no rosto. Quando percebi que era uma ação policial, eu
disse, ‘pelo amor de Deus não atirem não, aqui é passageiro, de aplicativo’. E
o motorista gritando, calma’. E eles atiraram. Um dos tiros também acertou a
perna do motorista”, lembrou
A investigação
Segundo o delegado da Polícia Civil, Jonathan Evangelista, é
prematuro fazer qualquer avaliação sobre o caso que está sendo investigado. “O
objetivo é que a apuração seja bastante rigorosa. As versões que estão correndo
nos aplicativos não são as versões que estão no papel. Temos cinco oitivas que
precisam ser confrontadas. E temos que tratar o caso com bastante seriedade.
Precisamos aprofundar as investigações, para que a conclusão seja real e
transmita o que realmente aconteceu”, disse.
Defesa dos policiais
“Eles estavam no levantamento de eventuais roubos de carros
na região do Bugio e avistaram um veículo em atitude suspeita, com motorista e
dois passageiros no banco de trás. Isso é errado? Não. Isso é normal? Também
não. Nada mais justo, nada mais correto as suas funções do que proceder com a
abordagem. Essa abordagem seguiu os padrões que lecionam a literatura
policial”, disse o advogado Cícero Dantas.
Para o advogado, Alessandro Calazans, alguns pontos da
investigação ainda precisam ser esclarecidos. “Existe a informação de pessoas
que nem sequer estavam na cena do crime dando conta de uma situação que nenhuma
das pessoas que estavam no local do fato relataram. Então, é preciso confrontar
os diversos depoimentos dos policiais civis, do amigo do Clautênis, do
motorista do aplicativo e das provas teóricas periciais, que essas, sem sombra
de dúvida são as com mais respaldo. Então, no momento, existem alguns
depoimentos e algumas provas periciais, que estão sendo analisadas. É isso que
estamos aguardando, com calma e tranquilidade”.
Texto e imagem reproduzidos do site: g1.globo.com
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