Óleo foi detectado em 109 praias, localizadas em 54 cidades
de oito estados
Foto: Governo do Sergipe/Divulgação
Publicado originalmente do site da revista ÉPOCA, em 30 de
setembro de 2019
Laudo sinaliza que mancha de óleo no Nordeste pode ser
petróleo da Venezuela
Documento encaminhado por Petrobras ao Ibama indicou
possível procedência do material que atingiu litoral do Nordeste
Por Vinicius Sassine
A Petrobras encaminhou um laudo sigiloso ao Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ( Ibama ) em que aponta a
hipótese de ser venezuelano o petróleo que contaminou o litoral nordestino.
ÉPOCA apurou a informação com três fontes distintas. Além
disso, apesar de o Ibama ter informado em nota à imprensa há cinco dias que o
óleo que contamina diferentes praias é o mesmo, o órgão trabalha com a hipótese
de que existe mais de uma fonte de contaminação.
As investigações em campo prosseguem para tentar decifrar o
mistério da contaminação de alguns dos pontos turísticos mais importantes do
Brasil.
Desde o começo de setembro, manchas de petróleo passaram a
ser notadas em praias do Nordeste. O balanço atualizado pelo Ibama no último
domingo mostra que o óleo foi detectado em 109 praias, localizadas em 54
cidades de oito estados.
Em sete dessas localidades, tartarugas ou aves morreram em
razão da contaminação. As manchas atingiram, por exemplo, a Praia dos
Coqueiros, em Sergipe; as Praias de Ponta Negra, Pipa e Tibau do Sul, no Rio
Grande do Norte; Boa Viagem, Carneiros e Porto de Galinhas, em Pernambuco;
Tambaba, na Paraíba; e Praias do Gunga e do Francês, em Alagoas.
Na nota divulgada pelo Ibama, o órgão informou que análise
feita pela Petrobras mostrou que o petróleo encontrado é cru — ou seja, não é
nenhum derivado de algum processamento — e que não foi extraído no Brasil.
O Ibama atribui a informação à estatal. A nota não informa,
mas a Petrobras também mencionou que existe a hipótese de que o petróleo
encontrado seja venezuelano. Não está claro como um petróleo extraído na
Venezuela, cujo litoral está no Mar do Caribe, poderia ter chegado ao
Atlântico, que banha a costa brasileira.
O Ibama ainda faz contraprovas, a partir das amostras
colhidas, para saber se realmente não há petróleo brasileiro contaminando as
praias. O órgão ambiental também analisa se faz sentido a informação repassada
pela Petrobras, sobre uma suposta procedência venezuelana do produto. A
principal produtora de petróleo no país é a estatal Petróleos de Venezuela S.A.
(PDVSA).
Além da Petrobras, o Ibama estabeleceu parceria com o Corpo
de Bombeiros do DF para investigar as causas e identificar os responsáveis pelo
despejo do petróleo cru no litoral nordestino. A Marinha também participa da
investigação. Um banco de óleo mantido pela Petrobras e pela Agência Nacional
do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) é usado nos testes feitos.
"Investigação do Ibama com apoio dos Bombeiros do DF
aponta que o petróleo que está poluindo todas as praias é o mesmo. Contudo, a
sua origem ainda não foi identificada", diz nota do órgão ambiental
divulgada na última quarta-feira e atualizada no domingo. "Em análise
feita pela Petrobras, a empresa informou que o óleo encontrado não é produzido
pelo Brasil. O Ibama requisitou apoio da Petrobras para atuar na limpeza de
praias."
Procurada por ÉPOCA, a Petrobras não comentou a informação
sobre a procedência do petróleo vazado. A estatal apenas reproduziu o teor dos
posicionamentos anteriores. "A análise realizada pela Petrobras em
amostras de petróleo cru encontrado em praias do Nordeste atestou, por meio da
observação de moléculas específicas, que a família de compostos orgânicos do
material encontrado não é compatível com a dos óleos produzidos e
comercializados pela companhia. Os testes foram realizados nos laboratórios do
Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), no Rio", afirmou.
Texto e imagem reproduzidos do site: epoca.globo.com
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