Postagem na Fanpage do Facebook/Folha de S.Paulo, em 6 de março de 2022
Pai era o único sobrevivente | Enquanto tentava sair da cidade ucraniana de Irpin, nos arredores de Kiev, uma família foi morta neste domingo (6) em meio a um ataque de morteiros organizado por tropas russas, que tentam assumir o controle do local, importante artéria para chegar à capital. A fotógrafa Lynsey Addario registrou o exato momento em que soldados ucranianos tentavam socorrer o pai, o único que ainda estava vivo quando o registro foi feito. A mãe, o filho adolescente e a filha, que aparentava ter em torno de 8 anos, já estavam mortos. A fotografia foi publicada no jornal americano The New York Times.
A bagagem deles, que incluía uma mala de rodinhas azul e algumas mochilas, estava espelhada pelo chão, perto da calçada, junto com uma caixa verde, dentro da qual estava um cachorro latindo.
Irpin, cidade de pouco mais de 60 mil habitantes, está sob bombardeio constante. A região fica a apenas 25 km de Kiev. Os soldados ucranianos no local, com auxílio da população, chegaram a explodir parte de uma ponte que permite acesso ao município, na tentativa de impedir que as tropas russas assumissem o controle, relatou à Folha o jornalista israelense Itai Anghel, que acompanha a situação in loco.
Lynsey Addario/The New York Times
Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Folha de S. Paulo
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PraTodosVerem: Foto colorida mostra dois soldados tentando socorrer um homem, que tem seu corpo estirado no asfalto e sangue no rosto e na mão direito. Próximo a ele, há os corpos de sua esposa, sua filha e seu filho, que estão mortos. A família está vestida com roupas de frio e cercada de algumas bagagens. Os soldados vestem roupa militar e carregam armas. Há um outro soldado em pé, olhando a cena; e um um homem caminhando no fundo. O céu está nublado e a rua está suja. Na imagem, há o seguinte texto: Foto mostra soldados tentando salvar família da Ucrânia morta em ataque da Rússia.
Ver relato sobre a foto, no comentário:
Não vamos fugir"
ResponderExcluirRedação O Antagonista - 21.03.22
"Peguei o polegar frio de Tetyana e coloquei na tela, mas não desbloqueou o telefone, que só funciona com pessoas vivas"
“Não vamos fugir”
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As imagens dos cadáveres de Tetyana Perebynis e de suas duas filhas, assassinadas pelos russos nos primeiros dias de guerra, enquanto tentavam de fugir de Irpin, chocaram o mundo e revelaram qual era o verdadeiro plano de Vladimir Putin.
O jornal italiano La Repubblica, nesta segunda-feira, publica uma entrevista igualmente chocante e reveladora com o viúvo de Tetyana, Serhiy.
Ele disse que soube da morte da mulher e das filhas pelo Twitter:
“Eu estava fumando um cigarro na varanda do apartamento da minha mãe, em Donestsk. Eu havia levado um respirador para ela, porque ela estava com Covid. Tetyana e eu tínhamos combinado todos os detalhes de sua fuga de Irpin e eu acompanhava seus movimentos pelo Google. Como a conexão estava ruim, o T de Tetyana aparecia e sumia da tela. Só voltou a aparecer novamente no Hospital número 7. Eu não conseguia entender o motivo. Então vi um tweet com aquela foto. Gritei com toda a minha força. A partir daquele instante, meu único objetivo era vê-las uma última vez e dar-lhes um enterro digno. Mas como Donetsk está no Donbas filo-russo, não dá para entrar na Ucrânia”.
Perebynis conta que foi de ônibus de Rostov até Moscou, e dali à Polônia, Lviv e, finalmente, Kiev.
“Fiquei três dias no necrotério central número 1, porque havia muitos cadáveres de Irpin e Bucha, você tinha que entrar na fila. Pedi aos voluntários que me levassem até minha esposa para desbloquear seu iPhone. Contém fotos da minha família, eu as queria. Peguei o polegar frio de Tetyana e coloquei na tela, mas não desbloqueou o telefone, que só funciona com pessoas vivas. Depois de um tempo, eles me deram três caixões. Vesti a Mykyta e a Alisa, vesti a minha Tetyana, e enterrei-as no cemitério de uma aldeia no sul da capital”.
Seus dois cachorros, Keks e Benz, foram enterrados num cemitério de animais.
Agora ele entrou para a guarda de defesa territorial e planeja voltar a Irpin para disparar contra os russos que assassinaram sua mulher e suas filhas:
“Tenho uma espingarda, que ficou na minha casa. Sim, é o desejo de vingança que me move. E o desejo de proteger minha pátria. Eu já fugi do Donbas em 2014.
Não vamos fugir dessa vez”.