Foto reproduzida do Google
Texto publicado originalmente no site da revista EXAME, em 15 de maio de 2018
4 anos depois, especialistas creem ter solucionado mistério do voo MH370
As buscas oficiais conduzidas pela Malásia, China e Austrália chegaram ao fim no ano passado. Agora, especialistas revelam sua versão dos fatos
Da Redação com agências internacionais
São Paulo – Um dos maiores mistérios da aviação, o desaparecimento do voo MH370 da Malaysia Airlines pode ter sido finalmente esclarecido. No último domingo, um grupo de especialistas em aviação civil, reunidos pelo programa australiano “60 Minutes”, revelou a tese que acreditam ser a mais plausível para explicar o que aconteceu naquela aeronave no fatídico dia 8 de março de 2014.
E, de acordo com eles, o capitão do Boeing 777, Zaharie Ahmad Shah, 53 anos, foi o responsável pelo sumiço que culminou na morte das 238 pessoas que ocupavam a aeronave. Acreditam, ainda, que ele teria planejado o seu ato com cuidado. “Isso foi planejado, foi deliberado”, disse um dos especialistas.
Ainda segundo esse grupo, formado por ex-pilotos, o ex-chefe da aviação civil da Austrália, especialistas em segurança aérea e um oceanógrafo, Zaharie teria provocado a despressurização da cabine para deixar os ocupantes inconscientes e usava uma máscara de oxigênio.
A tese defendida pelo grupo explicaria, ainda, a razão de uma alteração na rota do voo. A aeronave decolou de Kuala Lumpur, na Malásia, rumo a Pequim, na China. Em determinado momento, a pessoa no controle inclinou o avião em uma região em que fica a cidade malaia de Panang, onde Zaharie nasceu. Para os especialistas, esse foi um gesto de despedida.
Piloto experiente, com mais de 20 mil horas de voo, Zaharie teria desligado o sistema de comunicação deliberadamente e sabia o que fazer para desaparecer sem deixar pistas. “Se você me pagasse para fazer uma operação para tentar desaparecer com um Boeing 777, eu teria feito exatamente a mesma coisa. Até onde sei, foi tudo muito preciso”, disse outro especialista.
A hipótese de Zaharie como autor do episódio não é nova. Durante as investigações, sua casa e a de seu copiloto foram vasculhadas. Na do piloto, foi encontrado um simulador de voo construído por ele e no qual constava a rota de desvio. As especulações trazidas à tona pelos especialistas não foram confirmadas por autoridades.
Buscas pelo MH370
As buscas foram por anos conduzidas pela Malásia, China e Austrália e chegaram ao fim no início do ano passado. A conclusão da agência australiana foi a de que não havia conseguido evidências suficientes para esclarecer o caso ou determinar o local onde a fuselagem poderia estar. Até hoje, nenhum vestígio foi encontrado.
No início de 2018, a Malásia fez um acordo com uma empresa americana chamada Ocean Finity que se propôs a retomar as buscas pela fuselagem, na esperança de mais pistas sobre o MH370. Se concluída com sucesso, o país irá pagar os custos da operação, avaliada em 70 milhões de dólares.
Essas buscas se iniciaram em janeiro em uma região de 80 mil quilômetros quadrados no Oceano Índico, mas ainda não revelaram qualquer vestígio da aeronave.
Repercussão
Apesar das explicações dos especialistas, um familiar de uma das vítimas do incidente disse a um jornal da Nova Zelândia que elas não passam de “adivinhações”. Expressando a decepção das famílias que permanecem sem respostas sobre o destino de seus entes, a fonte lamentou que “eles não têm nenhum fato para sustentar tudo isso, assim como nunca tivemos qualquer corroboração sobre nada”.
Texto reproduzido do site: exame com
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Texto publicado originalmente no site G1 GLOBO, em 6 de dezembro de 2021
Avião da Malaysia Airlines pode finalmente ser encontrado após 7 anos?
Um engenheiro britânico que ficou mais de um ano coletando dados sobre o avião desaparecido em 2014 acredita que pode ajudar a resolver um dos maiores mistérios da aviação do mundo.
Por BBC
O famoso desaparecimento de um voo da companhia aérea Malaysia Airlines, que transportava 239 passageiros e tripulantes, é um dos maiores mistérios da aviação mundial desde 2014. Mas um engenheiro aeronáutico britânico, que passou mais de um ano trabalhando no caso, acha que finalmente conseguiu calcular onde o voo MH370 caiu.
Richard Godfrey acredita que o Boeing 777 caiu no Oceano Índico, a 2.000 km a oeste de Perth, na Austrália Ocidental.
A aeronave desapareceu do radar durante um voo em março de 2014.
Desaparecimento de voo da Malaysia Airlines é 'quase inconcebível', conclui relatório de 2017
Relatório de 2018 não descarta participação de terceiros no desaparecimento do voo MH370
Godfrey disse à BBC que espera "sermos capazes de dar uma resposta aos parentes, ao público que utiliza aviões e à indústria da aviação sobre o que exatamente aconteceu com o voo MH370, além de podemos prevenir que tragédias como essa ocorram no futuro".
Ele combinou diferentes dados que antes eram mantidos em locais separados para chegar a esse novo local no sul do Oceano Índico.
Godfrey disse que seu trabalho foi um "exercício complicado". Afirma também que, anteriormente, houve uma "falta de pensamento lateral, em várias disciplinas, para reunir todos os lados."
"Ninguém teve a ideia de combinar dados de satélite Inmarsat, de desempenho da Boeing, com dados de deriva de detritos flutuantes oceanográficos, e dados de rede WSPR", disse.
Godfrey afirmou que o trabalho de sua equipe está progredindo há um ano. "Fizemos muitos testes com essa nova ideia e adquirimos a confiança para aplicá-la ao caso do MH370".
O ponto exato determinado por cálculos de dados é cerca de 33 graus ao sul e 95 graus a leste no Oceano Índico.
Houve duas buscas extensas no Oceano Índico pelo MH370, mas elas produziram resultados inconclusivos.
As buscas custaram centenas de milhões de dólares e, embora haja a demanda dos familiares para encontrar seus entes queridos, os custos associados são enormes.
'Provas tangíveis'
Grace Nathan perdeu sua mãe, Anne, no acidente.
"É realmente apenas um pesadelo contínuo. Nunca tem um fim. Parece que estamos andando em círculos e batendo em uma parede após a outra. Há muito tempo que esperávamos por algo novo, um novo avanço, algo que justificasse o reinício das buscas e que aumente as chances de encontrar o avião ", disse ela à BBC.
Nathan, uma advogada de defesa criminal que mora em Kuala Lumpur, quer que os novos dados sejam testados por especialistas em aviação que entendam a ciência e a física por trás da localização e testem se a teoria é confiável.
"Agradecemos todas as novas descobertas, especialmente se forem baseadas em evidências tangíveis, como agora. São coisas que podem ser calculadas. Não são baseadas apenas em imagens do Google ou coisas soltas que não podem ser comprovadas", disse.
As pesquisas anteriores pelo MH370 foram difíceis devido ao tamanho da área de pesquisa.
"Uma área tão grande quanto 120 mil quilômetros quadrados foi revistada. Não é procurar uma agulha em um palheiro: é procurar por algo microscópico em um palheiro. É muito difícil de fazer", diz Godfrey.
4.000 metros de profundidade
A nova teoria do engenheiro aponta um raio circular de 40 milhas náuticas onde o avião poderia ter caído, bem menor do que as pesquisas anteriores.
"Os destroços podem estar atrás de um penhasco ou em um desfiladeiro no fundo do oceano", disse ele. "Os destroços podem atingir até 4.000 metros de profundidade", acrescentou.
Mais de trinta pedaços de aeronaves foram levados para as praias da costa africana e ilhas do Oceano Índico.
Em 2009, Godfrey seria passageiro da Air France 447 do Rio de Janeiro a Paris, mas os planos de trabalho exigiam que ele permanecesse no Brasil.
Esse voo nunca chegou ao seu destino e caiu no Oceano Atlântico. A partir deste ponto, o engenheiro passou a se interessar por voos perdidos no mar e por tentar localizá-los.
Godfrey é um membro fundador do MH370 Independent Group, e um engenheiro com experiência na construção de automóveis. Já David Gleave é o investigador chefe da Aviation Safety Consultants — ele trabalhou em acidentes e desaparecimentos de aviões por décadas.
"O problema será o financiamento da nova rodada de buscas. Como agora temos dados adicionais precisos sobre a localização do acidente, isso parece ser totalmente confiável e consistente", diz Gleave.
O momento e o lançamento de outra busca dependerão da disponibilidade de equipamentos especialmente projetados e também do estado do mar.
Evidência consistente
"Realisticamente, queremos estar no Oceano Antártico no verão do sul, que ocorre em breve. E as buscas podem voltar em 12 meses. Mas acho que ou os chineses vão assumir a responsabilidade e procurar suas vítimas. Ou as empresas privadas podem fazer a busca, patrocinadas por seguradoras", afirma.
"Trabalhei muito em sistemas de informação e lidando com muitos dados e isso é importante nesta análise. Há uma grande quantidade de dados para filtrar", diz.
Havia 122 cidadãos chineses a bordo do MH370, que partiu de Kuala Lumpur, mas nunca chegou ao seu destino, Pequim.
O desaparecimento levou a um grande número de teorias sobre o que aconteceu.
Uma delas aponta para um 'sequestro do piloto': uma outra pessoa teria assumido o controle e desativado a tecnologia de radar antes de virar sobre o Golfo da Tailândia e seguir para oeste.
"Se você está escolhendo esconder o avião no Oceano Índico Meridional, apenas certifique-se de que ele estava mais a oeste da rota de voo padrão, longe do alcance das aeronaves das equipes de busca e resgate da Austrália. Então, esta localização exata é consistente com essa teoria", diz Gleave.
O envolvimento do Australian Transport Safety Board (ATSB) na busca subaquática do MH370 foi concluído em outubro de 2017.
"O ATSB não está envolvido em nenhum esforço atual para estabelecer a localização da aeronave. Qualquer decisão de retomar a busca pela aeronave seria assunto do governo da Malásia, conforme o estado de registro da aeronave", disse o órgão.
O governo da Malásia e o governo chinês foram procurados, mas não responderam à BBC News.
"É do interesse da segurança da aviação global que este avião seja encontrado para que possamos evitar que algo assim aconteça no futuro", diz Grace Nathan.
Texto reproduzido do site: g1 globo com
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