Delegado Júlio Flávio e peritos detalharam toda investigação
do caso nesta sexta-feira (Fotos: Portal Infonet)
Publicado originalmente no site do Portal Infonet, em 28 de junho de 2019
Policial que atirou contra designer é indiciado por
homicídio culposo
O policial civil José Humberto, responsável pelo disparo que
matou o designer Clautenis José dos Santos, de 37 anos, durante uma abordagem
no dia 8 de abril, foi indiciado por homicídio culposo (quando não intenção há
intenção de matar, mas há imperícia, imprudência ou negligência). Essa foi a
conclusão do inquérito presidido pelo delegado Júlio Flávio Prado, da
Corregedoria da Polícia Civil. Durante os mais de dois meses de investigação,
sete laudos foram efetuados e diversas testemunhas foram ouvidas. O inquérito
já foi remetido para o Poder Judiciário e tramita na 5ª Vara Criminal.
De acordo com o delegado, com base nos resultados das
perícias, o entendimento é que o policial José Humberto não agiu como deveria
na ocorrência. “O disparo contra a vítima foi um equívoco, tanto é que nós o
indiciamos por homicídio culposo. Chegamos a conclusão que faltou prudência ao
policial naquele momento, mas assim como chegamos a conclusão também que ele
não chegou ali com a intenção de tirar a vida da vítima”, detalhou.
Os outros dois policiais que também participaram da
abordagem, de primeiros nomes Bruno e Valdemar, e que também fizeram disparos
de contenção no local da abordagem, saíram ilesos no inquérito porque a perícia
não conseguiu identificar de onde partiu o disparo que atingiu a perna do
motorista de aplicativo, Eduardo. “O próprio Eduardo em depoimento não sabe
dizer de onde partiu o tiro. O disparo atravessou a perna dele e nós não
encontramos o projétil no local, o que dificultou o trabalho da perícia”,
explicou Júlio.
Reconstituindo a abordagem
Imagens retratam a reconstituição: peritos detalharam como
ocorreu a ação
Peritos da Secretaria de Estado da Segurança Pública
(SSP/SE) detalharam nesta sexta-feira, 28, como foi feita a reconstituição da
abordagem policial daquele dia 8 de abril, no bairro Santos Dumont. Os três
policiais estavam em plantão extraordinário numa caminhonete da Polícia Civil
sem plotagem. Ao delegado, os policiais disseram que encontraram uma situação
suspeita no veículo que fazia aplicativo de transporte e havia sido solicitado
por Clautenis e o amigo Leandro. “Os policiais visualizaram que duas pessoas no
banco de trás, e apenas o condutor na frente. A condição suspeita, para os
policiais, se deu porque se tem visto esse método de operação em assaltos a
veículos de transporte por aplicativo”, detalhou o delegado.
Ao receber a ordem de parada dos policiais, segundo a
reconstituição, o motorista do veículo (Eduardo) foi o primeiro a descer com as
mãos na cabeça. Clautenis e Leandro, conforme explicações do delegado, teriam
levado mais tempo para descer do carro – fator que gerou desconfiança dos
policiais. “Nós acreditamos que o primeiro disparo foi no momento que o
Clautenis abriu a porta. Os policias acreditavam que estavam numa situação de
risco e efetuaram os disparos”, afirmou o delegado. Segundo os autos, a porta
de Clautenis foi aberta abruptamente, chegando a atingir o policial José
Humberto.
Durante os primeiros disparos, o motorista do veículo teria
corrido em direção ao outro lado da rua – nesse momento teria sido atingido na
perna. Leandro permaneceu deitado no chão do lado direito do veículo, conforme
ordem dos policiais. “Quando a situação ficou mais tranquila, os policiais
colocaram Clautenis e o motorista do aplicativo, Eduardo, na Caminhonete, com
intuito de socorrê-los”, completou o delegado.
Encaminhamentos
O delegado informou que o inquérito já está no Poder
Judiciário e negou que tenha pedido segredo de Justiça, mas disse que o
Ministério Público e a própria Justiça podem entender o contrário e manter em
segredo. Júlio Flávio também afirmou que não vê motivos para que os policiais
continuem afastados das suas funções, afirmando que eles não representam perigo
para sociedade, mas lembrou que um procedimento administrativo na própria
Corregedoria, sob tutela da delega Érica, está investigando a conduta dos
policiais.
Por Ícaro Novaes
Texto e imagens reproduzidos do site: infonet.com.br


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