Advogados dos policiais falam sobre abordagem que resultou na morte de designer
Publicado originalmente no site do G1 SE., em 11/04/2019
Defesa de policiais envolvidos na abordagem que resultou na
morte de designer de interiores diz que ação estava dentro dos padrões
Segundo um dos advogados, ainda é necessário o confronto de
depoimentos e provas técnicas.
Por G1 SE
Os advogados dos policiais envolvidos na abordagem que
resultou na morte do designer de interiores Clautênis José dos Santos, 37 anos,
na noite desta segunda-feira (8) dentro de um veículo de aplicativo após ser
atingido por tiros falaram sobre a versão dos policiais sobre o caso e o que
esperam esclarecer. Os policiais foram afastados das funções após a ocorrência.
“Eles estavam no levantamento de eventuais roubos de carros
na região do Bugio e avistaram um veículo em atitude suspeita, com motorista e
dois passageiros no banco de trás. Isso é errado? Não. Isso é normal? Também
não. Nada mais justo, nada mais correto as suas funções do que proceder com a
abordagem. Essa abordagem seguiu os padrões que lecionam a literatura
policial”, disse o advogado Cícero Dantas.
Para o advogado, Alessandro Calazans, alguns pontos da
investigação ainda precisam ser esclarecidos. “Existe a informação de pessoas
que nem sequer estavam na cena do crime dando conta de uma situação que nenhuma
das pessoas que estavam no local do fato relataram. Então, é preciso confrontar
os diversos depoimentos dos policiais civis, do amigo do Clautênis, do motorista
do aplicativo e das provas teóricas periciais, que essas, sem sombra de dúvida
são as com mais respaldo. Então, no momento, existem alguns depoimentos e
algumas provas periciais, que estão sendo analisadas. É isso que estamos
aguardando, com calma e tranquilidade”.
Acompanhamento do MPE
Familiares do designer procuraram o Ministério Público (MP)
do Estado de Sergipe na manhã desta quinta-feira (11), para pedir o
acompanhamento do inquérito, que segue em sigilo.
O promotor do MP, Eduardo Matos, conversou com os parentes
de Clâutenis e disse que o caso será acompanhado. “Já foi encaminhado à SSP um
ofício solicitando os documentos da perícia, depoimentos, nomes dos policiais,
o tipo de armamento utilizado na abordagem e quantos tiros foram efetuados”,
falou.
O que diz uma testemunha
O amigo e testemunha da morte de Clautênis, contou detalhes
do que aconteceu antes e depois dos disparos que foram realizados contra um
veículo de aplicativo em que eles estavam durante a abordagem policial.
Em conversa com o G1, Leandro Santos, disse que horas antes
da ocorrência ele e Clautênis estavam em uma pescaria com amigos, e de lá
seguiram para o Santuário Nossa Senhora Aparecida no Conjunto Bugio para
visitar o padre da paróquia.
“Por volta das 21h30 chamamos um veículo de aplicativo para
deixar o local com destino ao município da Barra dos Coqueiros, onde moramos.
Mas minutos depois de cruzar a ponte entre o Conjunto Bugio e Bairro Santos
Dumont uma caminhonete encostou a esquerda do nosso carro e gritaram: ‘para,
para, para’. Nós estávamos no banco de trás e pensamos que era um assalto. Nos
agachamos, o motorista baixou o vidro e eles começaram a atirar. Foi muito
tiro, muito tiro”, contou.
Ainda de acordo com a testemunha, ele abriu a porta do carro
e tentou puxar o amigo que já estava baleado. “Estava todo ensanguentado,
porque o tiro pegou no rosto. Quando percebi que era uma ação policial, eu
disse, ‘pelo amor de Deus não atirem não, aqui é passageiro, de aplicativo’. E o
motorista gritando, calma’. E eles atiraram. Um dos tiros também acertou a
perna do motorista”, lembrou.
A investigação
Segundo o delegado da Polícia Civil, Jonathan Evangelista, é
prematuro fazer qualquer avaliação sobre o caso que está sendo investigado. “O
objetivo é que a apuração seja bastante rigorosa. As versões que estão correndo
nos aplicativos não são as versões que estão no papel. Temos cinco oitivas que
precisam ser confrontadas. E temos que tratar o caso com bastante seriedade.
Precisamos aprofundar as investigações, para que a conclusão seja real e
transmita o que realmente aconteceu”, disse.
Texto e imagem reproduzidos do site: g1.globo.com/se
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