segunda-feira, 15 de outubro de 2018

DIA DO PROFESSOR - Prof. desempregado faz trabalho voluntário...

Publicado originalmente no site G1 SE., em 13/10/2018

Professor desempregado faz trabalho voluntário com crianças carentes

A renda mensal dele é de R$ 300, valor que utiliza para manter o projeto e pagar as contas da casa.

Por Anderson Barbosa, G1 SE — Aracaju

Professor desempregado faz trabalho voluntário com crianças carentes em Aracaju

No Bairro 17 de Março, Zona de Expansão de Aracaju (SE), um exemplo de dedicação à profissão de professor chama a atenção. O Tio Carlos, como é conhecido na região, leva literatura às crianças daquela comunicada carente e dá um novo sentido a vidas desses pequenos cidadãos.

No quintal da casa ele põe um tapeta e conta as histórias que nascem da cabeça dele e também dos livros de literatura infantil. Os meninos parecem hipnotizados ao ouvir o professor, que faz tudo isso de forma voluntária. No início do ano, a atividade ocorria na porta de uma vizinha.

A calçada da casa do professor se transforma em sala de aula
Foto: Mara Lúcia de Paula 

“Educação é o meio de transformação sócio- cultural para a vida de cada uma dessas crianças levando respeito, dignidade, conhecimento e independência financeira", diz com o sorriso no rosto.

Luiz Carlos é formado em Letras/Literatura, mas está desempregado desde 2016. Para sobreviver, ele dá aulas particulares e recebe menos de R$ 300, pelos oito alunos. É com este dinheiro que ele pagas as contas de casa e mantém o projeto que ocorre duas vezes por mês.

“É assim que consigo pagar as contas da casa, comprar roupas e alimentos. Deus é quem dá a força pra gente superar todas as dificuldades que a vida nos oferece”, afirma.

Professor Luiz Carlos com os alunos — Foto: Arquivo Pessoal 

Combate à deficiência na leitura

O trabalho do sergipano serve de combate à deficiência da leitura ainda no início da vida escolar, como aponta a Avaliação Nacional de Alfabetização, do Ministério da Educação e Cultura (MEC). O estudo revela que mais da metade dos alunos do terceito ano do ensino fundamental não consegue nota mínima em matérias básicas. No ano de 2014, a insuficiência em leitura era de 56,17% entre os alunos. Dois anos depois o número teve uma pequena queda, 54,73%.

“Quero ver a melhoria do bairro em que moro e dessas crianças, que muitas vezes vão à escola e não conseguem aprender o conteúdo. O que eu faço é com amor, com carinho e sou muito respeitado por elas, que serão os futuros homens e mulheres da nossa cidade. A maior recompensa é o prazer de contar histórias e contribuir no processo de alfabetização dessas crianças”, conta Luiz Carlos.

A batalha do mestre

Luiz Carlos nasceu no município de Malhada dos Bois e foi criado em Cedro de São João, ambos na Região do Baixo São Francisco de Sergipe. Filho de pais separados, ele é o mais velho entre nove irmãos, o único com nível superior, conquistado no ano de 2012 após cursar Letras/Português em uma universidade particular na capital.
  
“Concluí a graduação com muita dificuldade financeira, pois estava desempregado. Tive a ajuda de familiares e principalmente de uma ex-diretora da instituição, que me ajudou bastante nesta fase da minha vida”

Luiz Carlos já trabalhou em escolas particulares, em programas do governo e atualmente sobrevive dando aulas de reforço em casa, além de fazer 'bicos' auxiliando outros professores em projetos educacionais.

Texto e imagens reproduzidos do site: g1.globo.com/se

Um comentário:

  1. Publicado originalmente no site do G1 SE, em 20/10/2018

    Professor desempregado recebe doações para manter projeto social

    Tio Carlos sobrevive com uma renda mensal de menos de R$ 300 para pagar as contas de casa e manter o trabalho.

    Por Anderson Barbosa, G1 SE — Aracaju

    Professor desempregado faz trabalho voluntário com crianças carentes em Aracaju
    A história do Tio Carlos, o professor desempregado que desde o ano passado realiza um trabalho social com crianças carentes no Bairro 17 de Março, na Zona de Expansão de Aracaju, e sobrevive com cerca de R$ 300 por mês, resultou em algumas doações.

    Uma senhora, que pediu para não ser identificada, doou seis cadeiras e quatro carteiras escolares, depois de ver a reportagem produzida pela equipe do G1 Sergipe e exibida no sábado (13), dentro do telejornal Bom Dia Sábado, da TV Sergipe. As imagens mostravam as crianças sentadas no chão ouvindo as contações de histórias.

    “Algumas pessoas estão entrando em contato, oferecendo doações, mas até o momento só consegui buscar essas carteiras que foram doadas por uma senhora do Bairro Mosqueiro. Ela pediu para não citar nomes, a única coisa que pediu foi que orássemos pela família dela. Pode ter certeza que este trabalho vai continuar e que muitas pessoas vão ser atendidas”, disse o professor.

    Na tarde da sexta-feira (19), o professor recebeu mais uma doação no valor de R$ 200. "Quando vimos a história ficamos sensibilizados em saber que existem pessoas como ele, que faz um belo trabalho nesta comunidade. A gente também espera o Tio Carlos consiga ser recolocado no mercado de trabalho", conta a mulher que não quis se identificar.

    O projeto do professor começou nas calçadas do bairro, como foi mostrado no mês de março, e atualmente ocorre na residência do professor que está desempregado desde o ano de 2016. “O nossa trabalho é sério, faço de forma voluntária e quero continuar levando a literatura à outras crianças do bairro. Também temos alunos inclusive crianças com deficiência, que atendo em casa. É um trabalho que faço com amor, perseverança e muita fé”, afirma.

    A batalha do mestre

    Luiz Carlos nasceu no município de Malhada dos Bois e foi criado em Cedro de São João, ambos na Região do Baixo São Francisco de Sergipe. Filho de pais separados, ele é o mais velho entre nove irmãos, o único com nível superior, conquistado no ano de 2012 após cursar Letras/Português em uma universidade particular na capital.

    “Concluí a graduação com muita dificuldade financeira, pois estava desempregado. Tive a ajuda de familiares e principalmente de uma ex-diretora da instituição, que me ajudou bastante nesta fase da minha vida”

    Luiz Carlos já trabalhou em escolas particulares, em programas do governo e atualmente sobrevive dando aulas de reforço em casa, além de fazer 'bicos' auxiliando outros professores em projetos educacionais.

    Texto reproduzido do site: g1.globo.com/se

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